sábado, 6 de dezembro de 2014

Stalin do Touchdown

Um dia, o Felipe Rodrigues, o nosso Stalin do Touchdown, me convidou para ir até o campo da Sociedade XV de Novembro. Segundo ele, lá teria uma matéria interessante para se fazer. Chegando lá, descubro que um grupo, ex-jogadores do Jaraguá Breakers, alguns deles corupaenses, estavam com ideia de montar uma equipe local.
Primeiramente, Juliano Millnitz, principal mentor da ideia, fez uma apresentação do esporte, falando das regras e da dinâmica do jogo. Afinal, as pessoas que estava ali presentes não sabiam nada de futebol de americano. Me lembro de ter sentado ao lado do Andy, da Plante Verde. Quando o Juliano passou a falar dos riscos de contusões nesse esporte, o Andy, ironicamente, comentou: “Acho que eu vou é praticar vôlei”. E deve ter ido mesmo, pois não voltou a treinar com a equipe.
Na ocasião, eles estavam em dúvida sobre o nome com que iriam batizar a equipe. Decidiram realizar uma enquete na rádio Amizade, atual Band Fm. Quando eu fui fazer a matéria, precisava nomeá-los. Então, escolhi, por conta própria, o nome que eu achei mais interessante. Na manchete do extinto jornal Folha de Corupá, escrevi: “Vem aí o Corupá Buffalos”.
Confesso que, apesar da obstinação com que Juliano Millnitz falou sobre o projeto de se criar um time aqui, eu não acreditei muito na ideia. Afinal, improvisar o Thiago, excelente ponta esquerda no futebol de campo, como Halfback, por exemplo, não me gerou muita expectativa.
Nas primeiras partidas da equipe, o meu ceticismo prevaleceu. Eles não ganhavam nada. Tanto era assim que, quando o Felipe vinha me falar dos jogos que haviam realizado, a história era sempre a mesma. “Começamos bem. Estávamos ganhando. Mas, aí...” e sempre terminava a história revelando a derrota. Nas matérias que eu escrevia sobre a equipe, usava o mesmo expediente que jornais latino-americanos usavam (isso até o final da década de 80) quando suas seleções jogavam contra a seleção brasileira: “Jogamos como nunca. Perdemos como sempre”. O Felipe ficava bravo com essas palavras. E pedia mais espaço para eles no jornal. Foi então que eu prometi a ele que, quando acontecesse a primeira vitória, eu lhes daria a capa. Meses depois, para cumprir minha promessa, cheguei a discutir com o proprietário do jornal e com o Celso Garcia. As vitórias começaram a aparecer com uma profusão assombrosa. O proprietário da Folha de Corupá, certa vez, me disse: “Nas últimas oito edições, em todas elas o Corupá Buffalos está presente. Você está recebendo dinheiro para falar deles?” ele me questionou.
Me recordo da final do campeonato estadual de 2011. O jogo aconteceria num sábado, mesmo dia em que a Folha de Corupá circularia. Ao pensar na manchete de capa, cheguei a ficar emocionado e escrevi, apenas, “Força, Manada!”. Não adiantou nada e a equipe perdeu a decisão.
Dia desses, aqui em Curitiba, conversei com um atleta da equipe de futebol americano Coritiba Crocodiles. O nome dele é Ivan Basso. Ele ficou feliz ao saber que eu morei em Corupá e conhecia os atletas do Buffalos. A equipe dele já havia perdido, aqui em Curitiba, para a Manada. Quando eu o questionei sobre a qualidade da equipe, ele disse: “É uma das melhores equipes do país”. Com um sobrenome desses, eu fiquei propenso a não acreditar nele.
Mas, o primo de Sandro Basso estava certo.
Parabéns Manada.

PS: Felipe, como o jornal acabou, não posso dar-lhes a capa. Mas, vou pedir ao Carlos Nagel que faça isso por mim.

PS 2: Vai aqui outra promessa: se vocês vencerem o campeonato brasileiro, eu vou dar-lhes a capa, nem que eu precise montar um novo jornal para isso.


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