Stalin do Touchdown
Um dia, o Felipe Rodrigues, o
nosso Stalin do Touchdown, me convidou para ir até o campo da Sociedade XV de
Novembro. Segundo ele, lá teria uma matéria interessante para se fazer.
Chegando lá, descubro que um grupo, ex-jogadores do Jaraguá Breakers, alguns
deles corupaenses, estavam com ideia de montar uma equipe local.
Primeiramente, Juliano Millnitz,
principal mentor da ideia, fez uma apresentação do esporte, falando das regras
e da dinâmica do jogo. Afinal, as pessoas que estava ali presentes não sabiam nada
de futebol de americano. Me lembro de ter sentado ao lado do Andy, da Plante
Verde. Quando o Juliano passou a falar dos riscos de contusões nesse esporte, o
Andy, ironicamente, comentou: “Acho que eu vou é praticar vôlei”. E deve ter
ido mesmo, pois não voltou a treinar com a equipe.
Na ocasião, eles estavam em
dúvida sobre o nome com que iriam batizar a equipe. Decidiram realizar uma
enquete na rádio Amizade, atual Band Fm. Quando eu fui fazer a matéria,
precisava nomeá-los. Então, escolhi, por conta própria, o nome que eu achei
mais interessante. Na manchete do extinto jornal Folha de Corupá, escrevi: “Vem
aí o Corupá Buffalos”.
Confesso que, apesar da
obstinação com que Juliano Millnitz falou sobre o projeto de se criar um time
aqui, eu não acreditei muito na ideia. Afinal, improvisar o Thiago, excelente
ponta esquerda no futebol de campo, como Halfback, por exemplo, não me gerou
muita expectativa.
Nas primeiras partidas da equipe,
o meu ceticismo prevaleceu. Eles não ganhavam nada. Tanto era assim que, quando
o Felipe vinha me falar dos jogos que haviam realizado, a história era sempre a
mesma. “Começamos bem. Estávamos ganhando. Mas, aí...” e sempre terminava a
história revelando a derrota. Nas matérias que eu escrevia sobre a equipe,
usava o mesmo expediente que jornais latino-americanos usavam (isso até o final da década de 80) quando
suas seleções jogavam contra a seleção brasileira: “Jogamos como nunca.
Perdemos como sempre”. O Felipe ficava bravo com essas palavras. E pedia mais
espaço para eles no jornal. Foi então que eu prometi a ele que, quando
acontecesse a primeira vitória, eu lhes daria a capa. Meses depois, para
cumprir minha promessa, cheguei a discutir com o proprietário do jornal e com o
Celso Garcia. As vitórias começaram a aparecer com uma profusão assombrosa. O
proprietário da Folha de Corupá, certa vez, me disse: “Nas últimas oito
edições, em todas elas o Corupá Buffalos está presente. Você está recebendo
dinheiro para falar deles?” ele me questionou.
Me recordo da final do campeonato
estadual de 2011. O jogo aconteceria num sábado, mesmo dia em que a Folha de
Corupá circularia. Ao pensar na manchete de capa, cheguei a ficar emocionado e
escrevi, apenas, “Força, Manada!”. Não adiantou nada e a equipe perdeu a
decisão.
Dia desses, aqui em Curitiba,
conversei com um atleta da equipe de futebol americano Coritiba Crocodiles. O
nome dele é Ivan Basso. Ele ficou feliz ao saber que eu morei em Corupá e
conhecia os atletas do Buffalos. A equipe dele já havia perdido, aqui em
Curitiba, para a Manada. Quando eu o questionei sobre a qualidade da equipe,
ele disse: “É uma das melhores equipes do país”. Com um sobrenome desses, eu
fiquei propenso a não acreditar nele.
Mas, o primo de Sandro Basso
estava certo.
Parabéns Manada.
PS: Felipe, como o jornal acabou,
não posso dar-lhes a capa. Mas, vou pedir ao Carlos Nagel que faça isso por
mim.
PS 2: Vai aqui outra promessa: se
vocês vencerem o campeonato brasileiro, eu vou dar-lhes a capa, nem que eu
precise montar um novo jornal para isso.
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