sábado, 6 de dezembro de 2014

Luiz Carlos Prates fecha os pulsos e diz : “Ni”.

O gaúcho e comunista Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro e companheiro de Olga Benário, morta na Alemanha, na câmara de gás, pelos nazistas, ficou conhecido como o “Cavaleiro da Esperança”. O também gaúcho, e também comunista, Luiz Carlos Prates, comentarista do Jornal do Almoço da RBS de Florianópolis, e psicólogo formado pela PUC, ficará conhecido como o “Dinossauro Simplista da Extravagância”.
Nos meus primeiros anos em Corupá, enquanto a maioria dos corupaenses ficava sabendo, através do Jornal do Almoço da RBS, sobre os problemas com a compra de carros na Câmara de Vereadores de Joinville, ou sobre como estava o clima em Florianópolis, ou ainda sobre os resultados dos jogos da Malwee em Jaraguá do Sul, eu me empenhava em achar algum proveito em saber sobre a greve dos metalúrgicos do ABC, ou sobre como andava o trânsito na via Dutra. Isso porque eu só dispunha de uma antena parabólica para abastecer de imagens minha televisão. Assim, quando alguém fazia um comentário sobre o que havia assistido no Jornal do Almoço, eu tinha que me calar, derrotado. Pior era quando alguém elogiava os comentários de Luiz Carlos Prates, do qual eu não possuía quase nenhuma informação. Por isso, por muito tempo eu ansiei por uma antena interna. Hoje, as coisas se inverteram. Eu só tenho uma antena interna. E, por isso, agora, sou obrigado, caso queira assistir televisão, a ver o Jornal do Almoço. E mais. Sou obrigado a ouvir os comentários de Luiz Carlos Prates, o “Dinossauro Simplista da Extravagância.”
Dia desses, o assunto abordado por Luiz Carlos Prates se referira ao uso das passagens aéreas por parte dos parlamentares. Claro, eu também sou contra o uso das passagens da forma como elas foram feitas. Acontece que Luiz Carlos Prates, o “Dinossauro Simplista da Extravagância”, ressuscitando o furor da “Coluna Prestes”, disse que “nós somos um povo estúpido que não reage” e sugere que “se o povo fechasse os pulsos e fosse a Brasília destituir os imorais, nós teríamos hospitais com condições para atender a população pobre, teríamos colégio de qualidade para os carentes, teríamos segurança pública” e arremata “... nós seríamos um povo de primeiro mundo...”.
Eu só gostaria de saber de Luiz Carlos Prates como isso se daria. Basta fechar os pulsos e ir a Brasília? Ou é necessário que desfechemos diretos e uppercuts levando a nocaute um ou outro parlamentar? Ou não? Basta tão somente que “fechemos os pulsos”, assim como os “Guerreiros que dizem Ni” do grupo britânico Monty Python?
Visualizemos a execução da proposta de Prates.
Eu fecho o meu pulso, vou até o aeroporto, compro uma passagem (será que eu posso abrir as mãos para tirar o dinheiro do bolso?) e aterrisso em Brasília. Ainda com os pulsos fechados, vou até o Congresso. Chego em um gabinete e, com os pulsos fechados, grito: “Ni”. Então, segundo o plano de Prates, os imorais são distituídos. Simples assim.
Em qualquer curso de oratória, por mais barato que ele seja, aprende-se a lição número um da persuasão: “Não interessa o que é dito, mas sim o “como” é dito”. Prates é Phd nesse recurso. Repete meia dúzia de chavões, sempre com um tom indignado, e fica à espera dos aplausos que, como tem ocorrido, invariavelmente, vem. Nem que seja às custas de ranzinzices inflamadas maquiadas de soluções heróicas, mas que, no entanto, nos faz corar de tão simplistas.

Alguém aí quer trocar um antena interna por uma parabólica? E podem levar o Jornal do Almoço e mais os comentários de Luiz Carlos Prates juntos.

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