Cantiga para um Ateu
“Esperando a condução. Meu pensamento divagou. Comprei bilhete
para o céu. Mas outro rumo ela tomou. A condução é minha vida.” Esse é um
trecho de uma música de um dos maiores compositores brasileiros de todos os
tempos: Padre Zezinho. Pera lá. O Benedito enlouqueceu? Ele já não se declarou
ateu? Sim, posso ser ateu, mas não sou idiota. Sei reconhecer talento onde quer
que ele esteja. E Padre Zezinho é um grande talento. Me emociono em umas, reflito
em outras, todas as vezes que ouço “Um Certo Galileu”, ou “Cantiga por um
Ateu”, “Há um barco esquecido na praia” ou “Esperando a Condução”. Sim, sou fã
desse compositor. E hoje, os corupaenses temos a chance de ouvir, ao vivo,
essas maravilhosas canções.
Só me ressinto de não ter podido, na última quinta-feira,
participar de um bate-papo com o padre, organizado pelo Seminário, para atender
a imprensa. Também fico triste por não poder assistir hoje ao show. Em 1995, se
não me engano, no estádio do Paraná Clube, em Curitiba, tive esse prazer.
Portanto, peço a você, querido leitor (você, leitor mais atento,
deve ter percebido que é a primeira vez que eu te trato assim. Isto é, lá vem
um pedido de favor). É isso mesmo. Já que você percebeu meu real intento, lá
vai. Como eu não pude participar da coletiva de imprensa com o Padre Zezinho,
peço que você leve esse exemplar da Folha de Corupá ao Padre e peça que ele
leia essa coluna e, se possível, responda as perguntas que eu não pude fazer a
ele na última quinta-feira. Combinado? Posso contar com você, leitor amigo?
(mais uma adulação em favor do meu pedido).
Eis as questões:
- Padre Zezinho, conheço grande parte dos seus discos,
principalmente os primeiros, como, por exemplo, o álbum chamado “Estou Pensando
em Deus”. Gosto de todas as faixas desse disco, principalmente estas: “Estou
Pensando em Deus”, “O Profeta”, “Esperando a Condução”, “Sem meu Deus Não Sei
Viver” e “Se eu não te encontrar”. A pergunta é: por que você abandou o Rock’n
Roll?
Pra quem não conhece esse disco, principalmente os fãs de rock’n roll,
é um item fundamental em qualquer discoteca. Os arranjos abusam do velho órgão
Hammond, simulando timbres do Farfisa, outro órgão muito popular nas décadas de
60 e 70. O som feito pelo Padre e “Seus Blue Caps” naquele início da década de
70 lembrava outros artistas da época, como Lafayette, Roberto Carlos e Os
Caçulas, e também o som de muitas bandas atuais, como The Libertines, Os Azuis,
Faichecleres entre outras.
- Padre Zezinho, assisti, pela internet, um vídeo em que você
aparece cantando ao lado de Zeca Baleiro, a canção “Eu tenho fé”. Como é, se é
que há, o seu relacionamento com os artistas que não são religiosos como você?
Porque há uma confusão acerca disso. Como se não se pudesse
misturar as duas coisas. Acredito que o preconceito seja maior ainda por parte
dos não religiosos. Eu nem sou Cristão, como vou gostar de Padre Zezinho? Dizem
alguns.
Vou pedir um último favor a você, solícito leitor, principalmente
se você for ao show no Seminário. Do meio da multidão (que acredito que vá
assistir ao espetáculo) grite com o ápice de sua força para que o padre cante a
música “Cantiga por Ateu”.
Depois, é só se deleitar na reflexão dessa letra.
That’s
all Folks. Bom show a todos.
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