sábado, 6 de dezembro de 2014

O mundo está ao contrário e ninguém reparou

“O mundo está ao contrário e ninguém reparou” diz a composição de Nando Reis, interpretada pela saudosa Cássia Eller. Que o mundo está ao contrário ninguém pode ter reparado, disso eu sei, mas o que veio de gente reclamar comigo pelo fato de a coluna da edição passada ter saído ao contrário (de cabeça para baixo) foi um colosso.
“Você ficou maluco, Benedito?” me disseram os mais exaltados. “Ficou difícil de ler, tive que virar o jornal e me contorcer inteira” disseram os mais preguiçosos. “Nem li”, deve ter dito o Coni e outros neurastênicos.
Na verdade, ter publicado a coluna de cabeça para baixo (ou de ponta-cabeça, como se diz no Paraná) foi apenas uma introdução pictórica, utilizando o corpo do texto e seu espaço gráfico como uma ferramenta plurívoca, multisignificante, para evocar a semiótica do contraste, blá, blá, blá ... Que nada, foi coisa de quem não tem o que inventar. Perdão a quem fiz doer o ciático no malabarismo para ler a coluna. Prossigamos ...
Eu já falei aqui que, quando eu tinha apenas uma antena parabólica, sentia necessidade de uma antena interna, para assistir ao Jornal do Almoço, saber das notícias da região e ouvir os comentários do Prates. Depois, passei a ter acesso, somente, à programação regional, inclusive aos comentários do Prates. Foi aí que minha ânsia por uma parabólica voltou a ganhar força. Mas, as coisas mudam, sempre. Uma antena interna, por favor.
Durante essa campanha eleitoral, tenho que me contentar em ouvir os programas eleitorais apenas pelo rádio, pois não tenho antena interna para assistir ao horário político pela televisão. Mas, na última quarta-feira, tive o prazer de assistir ao meu primeiro programa desse ano. Na casa de amigos, com cerveja e petiscos? Nada. Na cadeira de um consultório odontológico. Confesso. Extrair um molar deve ser menos dolorido do que aturar, por exemplo, o jingle do candidato a deputado estadual pelo PPS, o catarinense Claudir Maciel. Trata-se de uma paródia mal feita da música “I Want to Break Free”, da banda inglesa Queen. Ou então ouvir a versão de “Rebolation” “... O Dalvesco também "é bom bom bom ..." do socialista catarinense Cláudio Dalvesco, candidato a deputado estadual. Tudo bem, eu sei que nada supera a paródia feita de "Beat it", do Michael Jackson, criação do democrata paraibano Lindolfo Pires, candidato a deputado estadual. Vocês perderam esse programa? Não tem problema, basta procurar no youtube. São os vídeos mais acessados desses últimos dias.
Durante o meu tratamento, eu soltei vários e ruidosos “Ai, ai, ai”. O dentista logo parava, cuidadoso, pensando que eu estava reclamando de dor no dente, quando, na verdade, o que me doia eram os ouvidos, ao ouvir tanta bobagem.
Pior que isso, somente quando a televisão passou a falar sobre o jogo que aconteceria naquela noite, entre Flamengo e Grêmio. O dentista, que até então estava tratando do meu canino, passou, lepidamente, a tratar do molar inferior. “Ai, ai, ai” gritei. Enquanto ele, serenamente:
- Não fica com medo, não. O Mengão leva essa fácil!

“Ai, ai, ai ...”

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