O mundo está ao contrário e ninguém reparou
“O mundo está ao
contrário e ninguém reparou” diz a composição de Nando Reis, interpretada pela
saudosa Cássia Eller. Que o mundo está ao contrário ninguém pode ter reparado,
disso eu sei, mas o que veio de gente reclamar comigo pelo fato de a coluna da
edição passada ter saído ao contrário (de cabeça para baixo) foi um colosso.
“Você ficou
maluco, Benedito?” me disseram os mais exaltados. “Ficou difícil de ler, tive
que virar o jornal e me contorcer inteira” disseram os mais preguiçosos. “Nem
li”, deve ter dito o Coni e outros neurastênicos.
Na verdade, ter
publicado a coluna de cabeça para baixo (ou de ponta-cabeça, como se diz no
Paraná) foi apenas uma introdução pictórica, utilizando o corpo do texto e seu
espaço gráfico como uma ferramenta plurívoca, multisignificante, para evocar a
semiótica do contraste, blá, blá, blá ... Que nada, foi coisa de quem não tem o
que inventar. Perdão a quem fiz doer o ciático no malabarismo para ler a
coluna. Prossigamos ...
Eu já falei aqui
que, quando eu tinha apenas uma antena parabólica, sentia necessidade de uma
antena interna, para assistir ao Jornal do Almoço, saber das notícias da região
e ouvir os comentários do Prates. Depois, passei a ter acesso, somente, à
programação regional, inclusive aos comentários do Prates. Foi aí que minha
ânsia por uma parabólica voltou a ganhar força. Mas, as coisas mudam, sempre. Uma
antena interna, por favor.
Durante essa
campanha eleitoral, tenho que me contentar em ouvir os programas eleitorais apenas
pelo rádio, pois não tenho antena interna para assistir ao horário político
pela televisão. Mas, na última quarta-feira, tive o prazer de assistir ao meu
primeiro programa desse ano. Na casa de amigos, com cerveja e petiscos? Nada.
Na cadeira de um consultório odontológico. Confesso. Extrair um molar deve ser
menos dolorido do que aturar, por exemplo, o jingle do candidato a deputado
estadual pelo PPS, o catarinense Claudir Maciel. Trata-se de uma paródia mal
feita da música “I Want to Break Free”, da banda inglesa Queen. Ou então ouvir
a versão de “Rebolation” “... O Dalvesco também "é bom bom bom ..."
do socialista catarinense Cláudio Dalvesco, candidato a deputado estadual. Tudo
bem, eu sei que nada supera a paródia feita de "Beat it", do Michael
Jackson, criação do democrata paraibano Lindolfo Pires, candidato a deputado
estadual. Vocês perderam esse programa? Não tem problema, basta procurar no
youtube. São os vídeos mais acessados desses últimos dias.
Durante o meu
tratamento, eu soltei vários e ruidosos “Ai, ai, ai”. O dentista logo parava,
cuidadoso, pensando que eu estava reclamando de dor no dente, quando, na
verdade, o que me doia eram os ouvidos, ao ouvir tanta bobagem.
Pior que isso,
somente quando a televisão passou a falar sobre o jogo que aconteceria naquela
noite, entre Flamengo e Grêmio. O dentista, que até então estava tratando do
meu canino, passou, lepidamente, a tratar do molar inferior. “Ai, ai, ai”
gritei. Enquanto ele, serenamente:
- Não fica com
medo, não. O Mengão leva essa fácil!
“Ai, ai, ai ...”
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