sábado, 6 de dezembro de 2014

O primeiro tiro

“Não acredito no primeiro tiro do brasileiro” disse Raul Seixas. Eu sei, eu sei. Já usei essa citação há uns tempos aqui na coluna. Mas, como ninguém ainda entendeu, voltemos a ela.
Eu vi várias pessoas comemorando o resultado do julgamento do mensalão. Joaquim Barbosa ganhou até status de herói. Ao menos para pessoas como o Almir, da Casa da Carne, que compartilhou com seus amigos do facebook uma foto em que Joaquim aparece sendo retratado como o Batman.
A comparação é desproporcional por vários motivos. Primeiramente, porque não existem super-heróis. Segundo, porque ele fez apenas o trabalho dele. Terceiro, porque o resultado geral do julgamento será pífio. Irão prender dois ou três idiotas, que servirão como bodes expiatórios, e pronto. O resto permanecerá intacto. Eles podem montar outro mensalão amanhã. Eles têm tudo pra isso. Se o Lula não está sendo julgado, o julgamento já é uma palhaçada.
Essa festa em torno do Barbosa, me lembra aquelas pessoas que entram nos coletivos e dizem: “Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando, mas estou aqui, vendendo essas balas”. Grande mérito dessas pessoas, não? Elas estão lado a lado com São Francisco de Assis. Mas assim somos nós. No Brasil, se não matou e não roubou, já é motivo para uma beatificação. Uns, ainda matando e roubando, passam por santos ou heróis.
Mais exemplos disso? Chico Buarque é considerado, por aqui, como um grande escritor.
Você quer mais? Então segura.

Roberto Zeininger criou, há uns meses, um grupo de discussão no facebook. Alguns indignados postam lá uns comentários, outros replicam e, assim, acreditam que irão mudar o mundo. Eis o primeiro tiro o brasileiro. Para ratificar a frase de Raul Seixas, o grupo irá acabar ainda esse ano. Mas, claro, não sem antes uma meia dúzia, entre eles, talvez, Jussara de Carvalho, Anderson Raduenz, Marcia Kifer e Dani Wolff, por exemplo, lutarem bravamente para a não extinção do grupo.

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