O primeiro tiro
“Não acredito no primeiro tiro do brasileiro”
disse Raul Seixas. Eu sei, eu sei. Já usei essa citação há uns tempos aqui na
coluna. Mas, como ninguém ainda entendeu, voltemos a ela.
Eu vi várias pessoas comemorando o resultado do
julgamento do mensalão. Joaquim Barbosa ganhou até status de herói. Ao menos
para pessoas como o Almir, da Casa da Carne, que compartilhou com seus amigos
do facebook uma foto em que Joaquim aparece sendo retratado como o Batman.
A comparação é desproporcional por vários
motivos. Primeiramente, porque não existem super-heróis. Segundo, porque ele
fez apenas o trabalho dele. Terceiro, porque o resultado geral do julgamento
será pífio. Irão prender dois ou três idiotas, que servirão como bodes
expiatórios, e pronto. O resto permanecerá intacto. Eles podem montar outro
mensalão amanhã. Eles têm tudo pra isso. Se o Lula não está sendo julgado, o
julgamento já é uma palhaçada.
Essa festa em torno do Barbosa, me lembra
aquelas pessoas que entram nos coletivos e dizem: “Eu poderia estar matando, eu
poderia estar roubando, mas estou aqui, vendendo essas balas”. Grande mérito
dessas pessoas, não? Elas estão lado a lado com São Francisco de Assis. Mas
assim somos nós. No Brasil, se não matou e não roubou, já é motivo para uma
beatificação. Uns, ainda matando e roubando, passam por santos ou heróis.
Mais exemplos disso? Chico Buarque é
considerado, por aqui, como um grande escritor.
Você quer mais? Então segura.
Roberto Zeininger criou, há uns meses, um grupo
de discussão no facebook. Alguns indignados postam lá uns comentários, outros
replicam e, assim, acreditam que irão mudar o mundo. Eis o primeiro tiro o
brasileiro. Para ratificar a frase de Raul Seixas, o grupo irá acabar ainda
esse ano. Mas, claro, não sem antes uma meia dúzia, entre eles, talvez, Jussara
de Carvalho, Anderson Raduenz, Marcia Kifer e Dani Wolff, por exemplo, lutarem
bravamente para a não extinção do grupo.
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