Mudança
Na última segunda-feira eu mudei.
Quer dizer, mudei de endereço. Me mudei de apartamento. Para outro apartamento.
Outro apartamento menor, inclusive. Afinal, nem todas as mudanças são para
melhor. Apesar do cansaço, pois tive que ajudar a carregar os móveis, eu gosto
de mudanças. Mudanças em todos os sentidos. Encaixotando o que havia pra se
encaixotar (só nas mudanças é que nos
damos conta do tanto de coisas inúteis que guardamos ao longo do tempo) me
deparei com algumas fotos antigas. Percebi, então, como é a que a gente também
muda ao longo do tempo. Fotografias de eu menino ainda, no remoto bairro do
Aeroporto, na interiorana cidade de Londrina, interior do Paraná, que foi onde
eu nasci. De lá, traga ainda, além de umas fotos, o “r” puxado, em palavras como
“porta” e “portão” (que muitas gozações
me renderam aqui em Curitiba, onde passei minha adolescência) e uma saudade
de algo que eu ainda não consigo definir. Quem conhece Londrina talvez entenda
o que eu estou falando. Na verdade mesmo, não precisa conhecer Londrina para
entender o que eu estou falando. Basta ter mais de 30 anos. A saudade, na
verdade, são dos sonhos de infância, das idealizações, do futuro que havíamos
planejado. Meu filho, de 10 anos, me vendo manusear uma foto, pergunta: “Quem é
esse?” apontando para uma das fotos. “- É o papai”, eu respondo. Depois disso,
ele sai e vai desarrumar algo que eu e minha mulher já havíamos arrumado. Eu
fico ali, olhando para a foto e pensando na minha resposta. Só desperto quando
minha mulher grita pedindo minha ajuda com a geladeira. Reviro documentos e
contas antigas, e me lembro das preocupações que elas me geraram. Hoje, são
passado. E eu continuo vivo. E mais. Vivo e mudando. Mudando sempre. Claro, às
vezes para pior.
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