sábado, 6 de dezembro de 2014

Santa Inocência!

“Santa Inocência” é o título de uma música da banda Ultraje a Rigor, que fez sucesso na década de 80 e era liderada pelo roqueiro Roger. A música fala de uma experiência que Roger teve na cidade de Chapecó. Segundo ele, a banda estava na cidade para fazer alguns shows. Nesse tempo, ele conheceu (no sentido bíblico do termo) uma menina. Passados alguns dias, e já de volta a São Paulo, Roger recebe uma intimação. Ele estava sendo acusado de corrupção de menores. Agora segundo a música, a mãe da tal menina teria entrado em contato com Roger e pedido um automóvel para retirar a acusação, mas “... como eu sou inocente, eu disse não!” diz o roqueiro na música. Essa história rendeu duas coisas: o pagamento de uma indenização para a família e a inspiração para compor a música.
Quando eu fui candidato a vereador, no ano passado, me disseram que havia algumas pessoas vasculhando sobre o meu passado. Fiquei ofendido. O que é isso? Só porque eu vim de uma cidade grande e ninguém sabia nada a meu respeito? Só porque ninguém conhecia meu passado? Só porque eu poderia ser um bandido? Isso bastaria para justificar o receio que as pessoas têm de desconhecidos? Os últimos fatos ocorridos em nossa cidade mostram que sim.
Na última segunda-feira à tarde, eu me sentei em frente ao computador e digitei no Google o nome: Francisco Paulo Rüncus. O buscador disparou uma avalanche de notícias policiais diante de mim: extorsão, seqüestro, condenação, prisão preventiva etc. “Mas não pode ser verdade” eu disse para minha esposa. “Aquele nosso antigo vizinho, um homem educado, inteligente, com uma família linda, é o mesmo que, agora, aparece nos arquivos dos jornais sendo acusado de vários crimes?”
No tempo em que fomos vizinhos, houve um episódio insólito. Meu filho de 4 anos, fuçando nas gavetas do nosso guarda-roupa, achou algumas notas de dinheiro que tinham a figura que ele mais gostava: onças. Não teve dúvida. Pegou o dinheiro e correu para o vizinho para brincar com seu amiguinho, o filho do Francisco. Minutos depois, batem à minha porta. Quem era? Era o próprio Francisco e sua esposa, que vieram me devolver o dinheiro que meu filho havia levado. Fiquei muito grato ao casal. Depois, conversando com minha esposa, elogiamos a honestidade deles.
Eu não estou dizendo que, a partir de agora, eu vou discriminar as pessoas pelo seu passado. Estou apenas usando esse caso para falar da minha inocência em relação ao fato de eu ter ficado ofendido por terem vasculhado sobre minha vida pregressa. Eles estavam certos.
Na verdade, isso até ajudou as pessoas a se aproximarem de nós. As pessoas que digitaram o meu nome no Google, percebendo como a minha vida, e a vida de minha família, tinham sido tão monótonas até aquele momento (algumas poesias e músicas postadas, esporadicamente, em um site; classificações ruins em concursos em outro site; comentários inúteis em um outro) resolveram se aproximar de nós para ofertar sua solidariedade.
Santa Inocência!


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