Santa Inocência!
“Santa
Inocência” é o título de uma música da banda Ultraje a Rigor, que fez sucesso
na década de 80 e era liderada pelo roqueiro Roger. A música fala de uma
experiência que Roger teve na cidade de Chapecó. Segundo ele, a banda estava na
cidade para fazer alguns shows. Nesse tempo, ele conheceu (no sentido bíblico
do termo) uma menina. Passados alguns dias, e já de volta a São Paulo, Roger
recebe uma intimação. Ele estava sendo acusado de corrupção de menores. Agora
segundo a música, a mãe da tal menina teria entrado em contato com Roger e
pedido um automóvel para retirar a acusação, mas “... como eu sou inocente, eu
disse não!” diz o roqueiro na música. Essa história rendeu duas coisas: o
pagamento de uma indenização para a família e a inspiração para compor a
música.
Quando eu fui
candidato a vereador, no ano passado, me disseram que havia algumas pessoas
vasculhando sobre o meu passado. Fiquei ofendido. O que é isso? Só porque eu
vim de uma cidade grande e ninguém sabia nada a meu respeito? Só porque ninguém
conhecia meu passado? Só porque eu poderia ser um bandido? Isso bastaria para justificar
o receio que as pessoas têm de desconhecidos? Os últimos fatos ocorridos em
nossa cidade mostram que sim.
Na última
segunda-feira à tarde, eu me sentei em frente ao computador e digitei no Google
o nome: Francisco Paulo Rüncus. O buscador disparou uma avalanche de notícias
policiais diante de mim: extorsão, seqüestro, condenação, prisão preventiva
etc. “Mas não pode ser verdade” eu disse para minha esposa. “Aquele nosso
antigo vizinho, um homem educado, inteligente, com uma família linda, é o mesmo
que, agora, aparece nos arquivos dos jornais sendo acusado de vários crimes?”
No tempo em
que fomos vizinhos, houve um episódio insólito. Meu filho de 4 anos, fuçando
nas gavetas do nosso guarda-roupa, achou algumas notas de dinheiro que tinham a
figura que ele mais gostava: onças. Não teve dúvida. Pegou o dinheiro e correu
para o vizinho para brincar com seu amiguinho, o filho do Francisco. Minutos
depois, batem à minha porta. Quem era? Era o próprio Francisco e sua esposa,
que vieram me devolver o dinheiro que meu filho havia levado. Fiquei muito
grato ao casal. Depois, conversando com minha esposa, elogiamos a honestidade
deles.
Eu não estou
dizendo que, a partir de agora, eu vou discriminar as pessoas pelo seu passado.
Estou apenas usando esse caso para falar da minha inocência em relação ao fato
de eu ter ficado ofendido por terem vasculhado sobre minha vida pregressa. Eles
estavam certos.
Na verdade,
isso até ajudou as pessoas a se aproximarem de nós. As pessoas que digitaram o
meu nome no Google, percebendo como a minha vida, e a vida de minha família,
tinham sido tão monótonas até aquele momento (algumas poesias e músicas
postadas, esporadicamente, em um site; classificações ruins em concursos em
outro site; comentários inúteis em um outro) resolveram se aproximar de nós para
ofertar sua solidariedade.
Santa
Inocência!
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