sábado, 6 de dezembro de 2014

Cadeira de praia

Entre uma cadeira na praia e os comentários de Luiz Carlos Prates o que você escolhe? Eu fico com a cadeira. E não é de hoje. Em colunas anteriores eu já havia proposto uma troca similar. Eu clamava para que alguém trocasse comigo uma antena interna por uma parabólica e, de lambuja, levassem o Jornal do Almoço e mais os comentários de Luiz Carlos Prates juntos. O Grupo RBS se rendeu a minha proposta. Trocou o colunista por uma cadeira. Você já viu o espaço da página 2 do Diário Catarinense nesse verão? Está sendo ocupada por uma coluna chamada “Cadeira de Praia.” A empresa não confirma, mas a saída de Prates ocorreu após manifestações de protesto contra alguns comentários feitos por ele na RBS TV. Em um deles, responsabilizou o governo Lula e os “miseráveis” pelo aumento do número de acidentes nas estradas. Em outro, defendeu a ditadura militar, afirmando que o regime fora mais brando do que se noticia e que o país nunca cresceu tanto quanto nessa época, especialmente sob o comando do ex-presidente João Figueiredo.
Na ocasião, eu me referi ao Prates como o “Dinossauro Simplista da Extravagância”. Agora que volto a falar nele, o título é: Dinossauro Simplista da Extravagância e da Contradição. Prates é uma espécie de Dercy Gonçalves do colunismo de opinião.
Em sua coluna no jornal O Correio do Povo (que preteriu a cadeira de praia em favor de Prates) da última quarta-feira, dia 8, intitulada “Casamento e trabalho”, depois se enrolar numa tentativa malbaratada de traçar um paralelo entre casamento e RH, o velho Prates nos ensina três virtudes imprescindíveis para se conseguir um bom emprego. As duas primeiras bobagens eu não me recordo. Porém, uma delas me chamou a atenção. Prates diz que para se conseguir um bom emprego “é preciso saber segurar a língua”.
Prates não soube segurar a sua e, agora, ao invés de escrever para o DC, escreve para O Correio do Povo. E volta acelerando em suas sandices e contradições.
Na mesma coluna do dia 8, ele volta a falar dos militares. “Por que não há bullying em colégios militares? Muito simples, os colégios militares tem na disciplina o seu alicerce incondicional, indiscutível. E mais, observam os princípios de hierarquia e meritocracia” diz Prates.
Meritocracia? Os colégios militares usam o livro: "História do Brasil: Império e República", de Aldo Fernandes, Maurício Soares e Neide Annarumma. Nesses livros, os autores chamam o golpe militar de 64 de “revolução democrática”.
Em qualquer curso de oratória, por mais barato que seja, aprende-se a lição número um da persuasão: “Não interessa o que é dito, mas sim o ‘como’ é dito”. Prates é Phd nesse recurso. Repete meia dúzia de chavões, sempre com um tom indignado, e fica à espera dos aplausos que, como tem ocorrido, invariavelmente, vem. Nem que seja às custas de ranzinzices inflamadas maquiadas de soluções heróicas, mas que, no entanto, nos faz corar de tão simplistas.

Vai uma cadeira de praia aí?

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