sábado, 6 de dezembro de 2014

O Direito de Herrar

Ha!ha!ha! Não consigo conter as risadas ao imaginar Sandro Basso lendo essa coluna e dizendo: “Tá aqui. Viu. Ele não sabe, sequer, escrever a palavra 'Errar'. Escreveu 'errar' com 'H'. Imagino a Celita, regozijando-se: “Caiu a máscara desse parlapatão”. Ou a Diana, bradando: “Está aí a prova da incompetência, que eu já havia denunciado, desse desaforado.” Calma, galerinha do surf. Calma. Ainda não foi dessa vez. Escrevi a palavra 'errar', com 'H', apenas como um artifício metalinguístico, escorado na tradição “concretista”, que aproveita o próprio corpo do texto como elemento gerador de significado. Sacaram? Não? Eu explico: foi só um chiste!
“O Direito de Herrar” – estrelando: Rodolfo Antônio! Parece nome de novela mexicana, ou novela escrita pela mulher do Sílvio Santos, a Excelentíssima Senhora cujo nome é: Mulher do Sílvio Santos. Mas não é nada disso.
O colunista esportivo aqui da Folha de Corupá, o nobre causídico Mauri Lima, dia desses palpitou que o Flamengo perderia, fácil, o jogo para o Palmeiras, na partida válida pelo campeonato brasileiro. Acontece que o Flamengo ganhou o jogo por 2 a 0. Ele diz que, a partir daí, choveram emails, telefonemas, telegramas (explicação para os menores de 16 anos: telegrama = peça de museu), scraps (para os maiores de 60 anos: scraps = recados em um site de relacionamento). Eu, inclusive, mandei vários. O problema não está nas mensagens zombeteiras, mas, sim, nas sérias. “Não se pode, levianamente, supor a derrota de um time  com a tradição do Flamengo” dizia uma das mensagens. Pera lá! Ou o autor dessa mensagem é um sério candidato a repórter do CQC, ou há uma vaga em algum sanatório catarinense.
Há, no espírito brasileiro – principalmente - um medo do contraditório. Um medo de se posicionar frente a alguns assuntos. Medo do confronto ideológico. Comigo, recentemente, aconteceu algo semelhante ao episódio do Mauri. Eu disse aqui, na coluna, há algumas semanas, que era contrário à obrigatoriedade da execução semanal do Hino Nacional nas escolas brasileiras. Pronto. Bastou para que me enviassem milhares (mentira, apenas o Blunk e o Acilso) de emails. Novamente, o problema não está nas opiniões contrárias. O problema está no medo do confronto de ideias antagônicas. Acredito que o papel de um colunista é gerar discussão, e não doutrinar ideologicamente seus leitores.
Há, entretanto, outro ponto interessante nesse episódio. Essa coluna já foi palco para inúmeras outras manifestações polêmicas: já declarei meu ateísmo, por exemplo. No entanto, nem mesmo essa opinião gerou tanto espanto. O que há? Há mais nacionalistas que teístas em Corupá?
Os colunistas não têm nenhum tipo de compromisso com o senso comum, tampouco perseguem concordâncias. As opiniões são, em sua essência, uma aposta pessoal naquilo que seu enunciador acredita. Mais nada.
 “Dizem que ofendo as pessoas. É um erro. Trato as pessoas como adultas. Critico-as. É tão incomum isso, na nossa imprensa, que as pessoas acham que é ofensa. Crítica não é raiva. É crítica. Às vezes é estúpida. O leitor que julgue. Acho que quem ofende os outros é o jornalismo em cima do muro, que não quer contestar coisa alguma. Meu tom às vezes é sarcástico. Pode ser desagradável. Mas é, insisto, uma forma de respeito, ou, até, se quiserem, a irritação do amante rejeitado” já sentenciava o velho Francis.
Eu votei no Tamanini para prefeito. Votei em mim para vereador. Torço para o Poço D'Anta ganhar o varzeano. Torci para a Halina ganhar o concurso Rainha das Sociedades, torci para a Samara ganhar o Festival da Canção e acho que o Flamengo perderia, até mesmo, um jogo contra a Mecânica Oldiges (principalmente se houvessem penalidades máximas). Temos, todos, o direito de “Herrar”.

Portanto, caro jovem, se alguém quiser obrigá-lo a cantar, semanalmente, o Hino Nacional, sapeque a seguinte pergunta, assim, à queima roupa:“Quem ouviu (ouviram) o brado retumbante?”

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