Adam Smith
“Se, aos 20
anos, você não é comunista, é porque você não tem coração. Mas, se aos 40 anos,
você ainda é comunista, é porque você não tem cérebro”. Palavras de Carlos
Drummond de Andrade. O itabirano estava certo. Eu não deixaria um liberal de 25
anos namorar minha filha, por exemplo, se eu tivesse uma filha. Assim como não
aceitaria ser sócio de um comunista com mais de 40. Achei que teria que mudar
de opinião quando o Darlei resolveu se filiar ao DEM.
Drummond está certo, mas Alceu Moretti também
está certo. Dias desses, o Secretário de Saúde me confessou que, embora esteja
insatisfeito com as ações da esquerda em todo o mundo, e, principalmente, no
Brasil, ele não consegue votar em partidos ligados à direita. Segundo ele, “por
mais que eu queira, eu não consigo”. Eu sei do que o Alceu está falando.
Enquanto a cabeça está convencida dos argumentos de Adam Smith e sua
indefectível “mão invisível” do mercado, o coração ainda sente um calor
agonizante das teorias do marxismo. A boina, a barba por fazer e as palavras de
ordem de Che ainda mexem com nosso espírito juvenil. Mas, caro Alceu, temos todos
que crescer. Somos obrigados, um dia, a completar 40 anos, não importando a
idade que tenhamos.
Em outubro,
irei votar em José Serra. Eu e todas as pessoas com mais de 40 anos que se
encaixam nos critérios drummondianos. Com o nariz tampado, confesso, mas vou
votar em Serra. E acredito que o Alceu também irá votar em Serra. E por um
único motivo. As noções de direita e esquerda não se aplicam ao Brasil, caro
Alceu. Quer um exemplo? O PT se elegeu como o apoio do PL e do PCB. Não que
Lula tenha inaugurado essa miscelânea partidária. Ele apenas a
institucionalizou. Quer um exemplo caseiro? O Ernesto Felipe Blunk, nosso
ex-prefeito, ex-Arena, ex-PDS e ex-PFl, hoje, embora se classifique como
liberal de direita, é presidente de um partido chamado: Partido Socialista Brasileiro.
Portanto, no
Brasil, mesmo votando no PL, por exemplo, continuamos sendo esquerda, pois, no
Brasil de hoje, temos apenas: esquerda e centro-esquerda. Feranndo Henrique Cardoso,
embora seja chamado de neoliberal, e tenha tentado aplicar a ideia do estado
mínimo, e deixado que a iniciativa privada gerenciasse aquilo que só a
iniciativa privada pode gerenciar, como a telefonia, por exemplo, se enrolou no
processo das privatizações e deixou, como legado, o horror que palavras como
essa, privatizações, direita, liberalismo etc. geram em Alceu Moretti, por
exemplo.
Entre a barba
mal feita de Che, o currículo de Dilma e o “quase direita” José Serra, eu fico
com Adam Smith.
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