sábado, 6 de dezembro de 2014

Progressos desnecessários

Há muito tempo atrás, eu comentei aqui na coluna uma afirmação feita por Sandro Basso em seu “Jornal de Corupá”, em que ele dizia “não se preocupar com a velocidade da informação (...)” segundo ele, sua preocupação era “apenas registrar os fatos importantes que aconteciam em nossa cidade”. Acabei de encontrar mais um jornalista que cabe, perfeitamente, no mesmo time de Sandro Basso. Trata-se de Luiz Carlos Amorim, o mesmo Luiz Carlos Amorim que eu citei na coluna passada, escritor corupaense, radicado em Joinville. A pérola com que Luiz acaba de nos agraciar, e fazer dele um par perfeito com Sandro Basso, foi publicada na edição do último dia 26, no jornal “A Notícia”, no encarte AN Jaraguá. Em seu artigo intitulado “Corupá em evidência”, depois de linhas e linhas de um ufanismo provinciano e contradições absurdas (ele chega a dizer, textualmente, que “a cidade precisa de mais investimentos” para, depois, dizer ... você já vai saber, mais a frente, o que ele chega a dizer), lá pelas tantas, quando eu estava já desistindo do texto, Luiz dispara “...Dar mais conforto ao turista, sem descaracterizar as tradições e costumes do lugar, sem agredir o corupaense com progressos desnecessários”.
Progressos desnecessários. Progressos desnecessários. Progressos desnecessários.
E continuo, até hoje, com essas palavras a me latejar as têmporas. O que raios vem a ser “Progressos desnecessários”? O próprio Luiz Carlos não diz, em seu texto, o que vem a ser um progresso desnecessário. Então, de tão intrigado que fiquei com essa afirmação, comecei minha pesquisa tão logo terminei a leitura do texto. Meu filho estava ao meu lado, então aproveitei:
- João, você sabe o que quer dizer “Progressos desnecessários”?
- HÃ??? – respondeu o pequeno de sete anos.
Fui ao Google.
Experimente você também. Vá ao Google e digite “Progressos desnecessários”, com ou sem aspas, e clique no botão “estou com sorte”. Então? O que aparece? O tal texto de Luiz Carlos Amorim? Claro! Só ele, em todo o planeta, é capaz de concordar o adjetivo desnecessário com o substantivo progresso. Porque, na verdade, isso não existe. Todo progresso é necessário. Se for desnecessário, não pode ser considerado um progresso. Isso é elementar. Não satisfeito, fui ao dicionário. Lá está:
Pro.gres.so sm (lat progressu): 1 - Marcha ou movimento para diante. 2-Adiantamento cultural gradativo da humanidade. 3 - Melhoramento gradual das condições econômicas e culturais da humanidade, de uma nação ou comunidade. 6 - Transformação gradual que vai do bom para o melhor. 7 - Crescimento, aumento, desenvolvimento. 8 - Adiantamento, aperfeiçoamento ou melhoramento contínuos. 9 - Vantagem obtida; bom êxito. Antônimo: decadência, retrocesso. 
Agora, gostaria de saber o quê, disso tudo acima, seja desnecessário.

Você ainda está no Google? Então, digite “Luiz Carlos Amorim”. Agora, clique em “estou com sorte”. Então? O computador desligou? Não? Então, você não está com sorte!

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