Anchovas na Cesta Básica
Os estados de São Paulo e Paraná proibiram o
tabagismo em bares e comércios afins. O argumento usado é que o estado tem o
dever de zelar pela saúde do cidadão. Dia desses, num programa policial, lá
estava um corpo estirado no chão de um bar, com uma bala na cabeça. Pedaços do
cérebro ensopados de sangue esparramados pelo balcão. Ao fundo, uma placa
enorme: Proibido fumar.
Conclusão: é mentiroso o argumento para a
proibição do tabagismo.
Dizem que a relação entre a arrecadação de
impostos gerados pela indústria tabagista e o gasto em saúde pública tem sido
deficitária. Mas, seguindo essa lógica, os obesos, os alcoólatras e os
promíscuos também oneram, cada um à sua maneira, o sistema de saúde. Assim, não
faz sentido culpar apenas um grupo e jamais mencionar os outros. É por isso que, quando se criam essas
benesses governamentais, como saúde e educação pública, discriminações desse
tipo tornam-se inevitáveis. Aliás, é capaz de os fumantes, na realidade,
estarem poupando o dinheiro do "sistema", já que, como propagandeiam
os ativistas, eles morrem mais cedo do que os não-fumantes, significa que eles
não poderão "onerar" por muito tempo a Previdência Social, para a
qual contribuíram solidamente durante toda a vida de trabalho.
Há, hoje, um cerco injusto sobre a indústria
tabagista. Ela é penalizada com uma carga tributária altíssima e, por
conseqüência, os tabagistas são penalizados. Com a proibição do tabagismo em
bares, o número de penalizados cresce ainda mais. Nos produtos, campanhas
aviltantes, além de mentirosas. Quem diz que as campanhas são mentirosas não
sou eu. É a 2ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça, a 3ª Vara Cível
da Comarca de Criciúma e o desembargador Luiz Carlos Freyesleben. Esse povo
negou o pagamento de indenização, em processo movido pela família do Sr. Júlio
Soratto. Júlio morreu devido a um carcinoma pulmonar. O desembargador Luiz
Carlos Freyesleben disse, em sua sentença: “O câncer pulmonar é uma doença
multifatorial, podendo ter como causa uma multiplicidade de fatores, não só o
tabagismo”.
Pera lá. Ou o tabagismo causa câncer, e se
deve indenizar as vítimas; ou não faz mal, e se deve eliminar as campanhas
anti-tabagistas.
A verdadeira motivação para a proibição é
utilizar o estado como meio de sequestrar o controle sobre a propriedade
privada e de proibir que indivíduos capazes de pensar autonomamente façam suas
escolhas. Paradoxalmente, as proibições em São Paulo e no Paraná foram feitas
por dois sociais democratas: José Serra e Beto Richa. Justo eles, acusados de
serem neoliberais, sucumbiram à pressão e lobby de grupos antitabagistas, e
infringem o direito básico que qualquer estabelecimento privado tem de
determinar autonomamente a sua política tabagista. Os métodos que eles empregam
somente podem ter sucesso quando o governo parte para o confisco da propriedade
privada - sem qualquer reparação de danos aos proprietários, obviamente. E os
proprietários, que em um livre mercado teriam a liberdade de decidir se querem
ou não permitir o fumo, têm esse direito confiscado pelo estado. E mesmo o
direito dos clientes de freqüentar esse ou aquele bar. Afinal, o indivíduo é
livre para cometer o erro que quiser, de maneira que ele próprio faça a sua
avaliação de custos e benefícios. E não me venham com truques retóricos e
pseudocientíficos de que os carcinógenos "Classe A” têm efeito sobre os
não fumantes.
A questão não é defender ou acusar o
tabagismo. É evidente que fumar faz, de um modo ou outro, causando carcinomas
ou não, mal à saúde. O finado Júlio Soratto sabe, como ninguém, disso. Todo
mundo sabe disso. Todo fumante, hoje, sabe disso. Até o desembargador Luiz
Carlos Freyesleben sabe disso. Trata-se de apontar a contradição no discurso do
estado.
Se fosse verdade que o estado se importa com
o bem-estar do cidadão, teríamos mais ferrovias e então as mortes nas estradas
diminuiriam.
Agora, sejamos francos. Se o governo
estivesse, realmente, preocupado com o nosso bem-estar, você não acha que eles
já teriam incluído anchovas e queijo roquefort na cesta básica?
Nenhum comentário:
Postar um comentário