A guerra dos mundos
Em 1938, Orson Welles
produziu uma transmissão radiofônica
intitulada “A Guerra dos Mundos”, adaptação da
obra homônima de Herbert George Wells e que ficou
famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes que imaginavam estar
enfrentando uma invasão de extraterrestres (ocorreram,
inclusive, suicídios). Um Exército que ninguém via, mas que, de acordo com
a dramatização radiofônica, em tom jornalístico, acabara de desembarcar no
nosso planeta. A fama do jovem Welles começava.
Depois disso, produziu “Citizen Kane”, retratando o poder da comunicação,
baseado na história do milionário William Randolph Hearst. A BBC de
Londres aproveitou o gancho e produziu um documentário chamado “Para Além do
Cidadão Kane”, escancarando os podres de Roberto Marinho e sua poderosa Rede
Globo.
No último dia 27 de março, a tradição iniciada por Orson Welles voltou a agir.
A mídia divulgou o evento chamado “A Hora do Planeta”. Os adeptos apagaram as luzes
por uma hora. Mas, para não ficarem no escuro, acenderam velas, feitas de
parafina, que é um derivado do petróleo (combustível fóssil). Foi divulgado que
a adesão chegou a 1 bilhão de pessoas. Os mentores do Instituto Rã-Bugio,
talvez entediados com o modorrento coachar de suas rãs, resolveram fazer
algumas contas acerca desse movimento.
No blog da
instituição, há um texto intitulado “Hora do Planeta agrava aquecimento global”.
Segundo as contas do blog, uma vela de 20 gramas de parafina dura,
aproximadamente, 1 hora. Então, foram consumidas, durante o ato no último dia
27, em apenas uma hora, 20 mil toneladas de parafina (1 bilhão multiplicado 20
gramas). Isso equivale a 4 meses de consumo de parafina de um país como o
Brasil, que, anualmente, consome 60 mil toneladas. E qual foi a poluição
produzida por estas velas? O blog Physical
Insights apresentou um cálculo das emissões resultantes da
queima de vela de parafina durante uma hora: 10,7 gramas de dióxido de carbono.
Multiplicando este resultado por 1 bilhão (uma vela acessa por pessoa), teremos
a emissão de 10,7 mil toneladas de dióxido de carbono.
Na Austrália,
mais de 80% da energia elétrica é gerada por termoelétricas a carvão e
derivados de petróleo (combustíveis fósseis), enquanto no Brasil mais de 90% da
energia elétrica é gerada por hidrelétricas. Mesmo na Austrália, o blog
Physical Insights mostrou, através dos cálculos, que cada participante da
campanha "Hora do Planeta" emitiu 10 vezes mais dióxido de carbono ao
usar luz de vela em vez de lâmpada.
Por falar em
aquecimento global, os meteorologistas associam o CO2 ao derretimento da calota
polar ártica. A calota polar ártica, de acordo com todos os cálculos, deveria
estar diminuindo. Mas, o que mostram as imagens de satélite, nos últimos anos,
é, exatamente, o oposto. Em 2010, há mais gelo do que em 2009. Em 2009, havia
mais gelo do que em 2008. Em 2008, havia mais gelo do que em 2007. A calota
polar ártica, neste momento, cobre praticamente a mesma área de 1996, exceto
por um ou dois pontos. O que eu sei sobre aquecimento global? Eu sei que, antes
de ontem, os meteorologistas do site Clima Tempo calcularam que a temperatura
mínima, em Corupá, chegaria a 22 graus. Na realidade, ela foi de 20,6 graus. Se
os meteorologistas, de um dia para o outro, cometem um erro desse tamanho, como
posso confiar em seus prognósticos para 2050 ou, pior ainda, para 2100?
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