sábado, 6 de dezembro de 2014

Carnaval

Muita gente veio se solidarizar comigo porque eu não fui pular carnaval. Essas pessoas acharam que passar o carnaval em casa deve ter sido algo muito penoso. E mais. Passar o carnaval em casa e ainda lendo Machado de Assis? Quase um castigo. Mas poderia ser pior. O meu carnaval poderia ter sido parecido com o carnaval de Alice Maçaneiro. Você sabe como foi o carnaval de Alice Maçaneiro? Não? Quer saber? Também não? Eu sei que não. Mas não vou poupá-lo disso. Foi assim. Ao invés de levar seus tatuados pés para alguma praia, ou para se esbaldar na Sapucaí cantando “... águas do tempo, fonte da vida, pura inspiração. No azul da fantasia, mergulhei nas ondas da emoção...” e ter ajudado a Beija-Flor a conquistar os poucos pontos que faltaram para livrá-la da vexatória segunda colocação, Alice preferiu botar seu bloco para sambar no Fórum em Jaraguá do Sul e amolar um dos promotores de plantão. Qual a queixa? Segundo Alice, há irregularidades no Conselho Tutelar em Corupá. E é verdade. Há gente ali que, comprovadamente, não tem a escolaridade mínima exigida para o cargo. 
Eu concordo que, qualquer pessoa, vendo alguma irregularidade em um órgão público, tem o dever de denunciar e exigir explicações. Só não vale agir passionalmente, como um membro de uma escola de samba, por exemplo, que só vê beleza em sua própria Porta-Bandeira, que só percebe ritmo em sua própria bateria, e que, mesmo quando o seu Mestre-Sala mais parece um alemão misturando passos de tchianda e kafundeji com rumba e samba, acha que merece nota 10 no quesito evolução. O Conselho Tutelar, na época em que Alice Maçaneiro participava do CMDCA, era um festival de irregularidades. Entretanto, eu admiro a atitude da Alice Maçaneiro em ir ao Ministério Público para exigir lisura no Conselho Tutelar, assim como admiro, também, os planos da futura Secretária do Bem Estar Social em denunciar judicialmente as irregularidades que comprovou no antigo quadro dos Conselheiros Tutelares. Quando se trata de questões públicas, tudo tem estar à mostra, assim como os seios das passistas da Estação Primeira de Mangueira ou as sinuosas curvas glúteas de Gleice Simpatia, a Porta Bandeira do Salgueiro. Em questões públicas, fazer uso de “tapa sexo” é que é uma autêntica pornografia. Se comparado ao “Samba do Criolo Doido” em que se encontrava o Conselho Tutelar, até que agora as notas estão em relativa harmonia.
Selminha Sorriso, Porta-bandeira da Beija-Flor, dizia, durante a apuração das notas, que Gleice Simpatia, Porta-bandeira da Salgueiro, estava gorda. Alice Maçaneiro é a nossa Selminha Sorriso. 
Para o próximo carnaval, juro que vou fundar um bloco e passar quatro noites enfurnado no Grêmio Esportivo Juventus, entoando, monocordicamente, a única marchinha que eu sei: Ai se você sincera... ôôô!
Vou cantar até que Selminha Sorriso se conforme com o segundo lugar.

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